A sociedade mundial comemora no mês de dezembro, dia 10, para ser mais preciso, o dia Mundial dos direitos humanos. É muito justo e necessário a comemoração e mais ainda a ênfase nos direitos humanos. Pois estes são a possibilidade de uma linguagem comum e princípio de justiça para toda humanidade, independente de raça, credo ou estado social.
A Igreja apoia veementemente a ênfase nos Direitos Humanos; e não somente nos dias atuais. Seus princípios humanísticos estão na base da promulgação da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948. Para a Igreja, está claro que Deus deu vida a cada ser humano, que é sua imagem. O desrespeito ao homem é, portanto, desrespeito ao próprio Deus.
Pontos para a sociedade humana, que avançou na atenção aos Direitos Humanos. No entanto, não podemos ser inocentes quanto à questão política do uso do termo “ direitos humanos “. Estes foram proclamados na sua origem não como uma criação/produção humana, mas como um reconhecimento da ordem dada pelo Criador. Agora, o esquerdismo e o globalismo mundial perceberam neste nicho chamado direitos humanos uma forma de infiltrar a sua ideologia e, facilmente, impor suas vontades sobre nações inteiras.
Um conhecido autor do campo da esquerda afirma categoricamente que se deve usar os Direitos Humanos como forma de “preencher o vazio deixado pelo socialismo”. E conclui que a versão dos direitos humanos “marxista deve ser adotada”.[1]
A estratégia deles é, sem renegar o termo “direitos humanos “, dar uma nova interpretação aos mesmos. Além da omissão quanto aos “deveres”, que são inerentes aos direitos, emplacam um novo sentido aos direitos originários totalmente contraditórios a estes.
Assim, fala-se agora em “direitos reprodutivos” quando se quer dizer sexo livre, inclusive para menores, algo que pode dar margem até mesmo à pedofilia e a perda da autoridade dos pais sobre os filhos. Fala-se em “direito ao aborto”, negando assim o direito fundamental por excelência, que é o direito à vida. Tenta-se, ainda, impor os “direitos LGBT”, como se estas pessoas fossem um grupo à parte da humanidade, com direitos especiais.
Estes “novos direitos“, na verdade, não passam de, como foi dito, impor uma agenda esquerdista e revolucionária sobre países inteiros, colocando em risco suas soberanias. Uma vez que os países são membros da ONU e esta aprova tais novos “direitos” os países seriam automaticamente obrigados a aceitar tais “direitos”. No fim do processo, os países ficam sem os verdadeiros Direitos Humanos, recebendo em troca a agenda revolucionária.
A solução para esta armadilha que estão nos armando não está em rejeitar os direitos humanos, mas em estarmos atentos ao verdadeiro sentido deles
[1] Boaventura Souza Santos, no seu texto “Por uma concepção multicultural dos Direitos humanos”.