500 anos de protestantismo

20161122_EUP001_3570x1680Há exatos 500 anos o padre Martinho Lutero iniciou oficialmente o protestantismo, ao pregar suas 95 teses na porta de uma igreja na Alemanha. É inegável que temos valorosos protestantes (evangélicos) em nosso país, que muito contribuem para uma sociedade melhor. Mas, olhando em termos mais amplo, o que Lutero fez tem consequências drásticas:

– ele dividiu a Igreja de Cristo, o que escandaliza quem não é cristão (“vocês falam de um Deus único, mas estão divididos…”);
– abriu espaço para o surgimento de muitos lobos em pele de ovelha, que exploram o povo simples;
– levou ao abandono do Santíssimo Corpo do Senhor, a Eucaristia, e dos demais sacramentos;
– e, o que é menos compreendido, mas tem graves consequências sociais e espirituais: ao colocar na cabeça das pessoas a ideia que cada um é árbitro da sua própria compreensão da verdade revelada, intensificou o individualismo. Isso favorece muito o campo daqueles que querem formar uma sociedade sem Deus. Muitas pessoas já estão predispostas a questionar valores morais, podendo ser convencidas mais facilmente que elas próprias são a medida do que é certo e errado. O protestantismo, ainda que indiretamente, favorece o relativismo: como quase não dá valor à tradição, as verdades estão indo e vindo, de acordo com o momento. Por isso que no seio do protestantismo surgem graves imoralidades. como, por exemplo, a aceitação e benção do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo pelas novas igrejas homoafetivas (mas que já acontecia na igreja anglicana)

Assim, ao favorecerem o individualismo e relativismo, as ideias luteranas, ainda que não pensadas para isso, contribuíram e contribuem para um movimento de perda da fé e negação de Deus, tão avançado na Europa. O Papa Pio XII resumiu-o da seguinte forma:  “Cristo sim, a Igreja não! Depois: Deus sim, Cristo não! Finalmente o grito ímpio: Deus está morto; e, até, Deus jamais existiu.”

Em suma, faltou a Lutero, com toda sua inteligência, a virtude da humildade. Ele poderia ter contribuído muito para a Igreja em sua época ajudando na sua reforma, pois a Igreja está sempre aberta a reformas (Ecclesia semper reformanda). Foi o que fez São Francisco, 3 séculos antes dele, São Bernardo, 4 séculos antes e outros homens e mulheres inspirados por Deus e cheios de humildade e respeito para com a Esposa de Cristo. Mas Lutero não foi um reformador, ele foi um divisor, um revolucionário, por meio da revolta

       Não obstante as boas intenções e atuações dos irmãos separados em nossa sociedade, o ideal seria vivermos o que Jesus nos disse: “Meu Pai, que eles estejam em nós, assim como tú estás em mim e eu em ti. Que sejam um, para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que tu me deste, para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitamente unidos, e o mundo conheça que tu me enviaste e que os amaste como tu me amaste.” (Jo 17,21ss)

E o próprio Jesus, falando à mística Santa Faustina, voltou a este ponto da unidade: “Hoje traze-me as almas dos cristãos separadas da unidade da Igreja e mergulha-as no mar da Minha misericórdia. Na Minha amarga Paixão dilaceravam o Meu Corpo e o Meu Coração, isto é, a Minha Igreja. Quando voltam à unidade da Igreja, cicatrizam-se as Minhas Chagas e dessa maneira eles aliviam a Minha Paixão.” (Diário, 1218)
Rezemos por esta unidade.

Pe. Silvio Roberto, MIC

Um comentário em “500 anos de protestantismo

  1. Cristian Rogers S. Dequi

    Lutero e o antissemitismo

    “(…) Lutero insiste no fato de que não devemos usar a misericórdia para com os judeus. Esses seres “venenosos e diabólicos” devem ser evitados: “Não tenham proteção nem defesa, nem salvação nem vida em comum conosco” 14. O objetivo, como é evidente, é tornar sua vida impossível e persuadi-los a sair. Para Lutero, o remédio atual é o praticado pela “sabedoria comum de outras nações, como a França, a Espanha e a Boêmia”, 15 que é a expulsão final do país. “Eu acho isso: se quisermos permanecer imunes ao judaísmo e não fazer parte disso, devemos separar-nos e devem ser expulsos de nossa terra, lembrando-se de seu próprio país”. Eles devem ser caçados como “cães raivosos” 17. “Eu”, escreve Lutero, “eu fiz o meu dever: outra pessoa, agora, vejo fazê-la! Não tenho culpa “18. Uma auto-afirmação, isso, que tem um som sombrio. Lutero, como pai espiritual da Alemanha moderna, tem uma séria responsabilidade no processo de ódio desenvolvido para o componente judaico.”

    http://www.30giorni.it/articoli_id_2656_l1.htm

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