Embora os Evangelhos digam que Jesus, após a Sua ressurreição, “apareceu primeiro a Maria Madalena (Mc 16, 9), a tradição da Igreja sustenta que Jesus apareceu por primeiro à Sua mãe, nossa Senhora. Será? Há uma contradição aqui?
Não, não há contradição. Realmente, em sua aparição PÚBLICA, Jesus se manifestou primeiro a Maria Madalena, a quem incumbiu de levar a Boa Nova aos demais discípulos.
Mas, nosso Senhor, de forma muito justificada, apareceu na madrugada daquele domingo, logo após sua ressurreição e antes de falar com Maria Madalena, à Sua Mãe, de forma PRIVADA. Era justo e próprio de um Filho tão sensível e grato à Sua mãe que, aquela que O acompanhou ao longo de toda a Sua vida, inclusive na cruenta morte, fosse a primeira a vê-Lo glorioso, tendo assim este enorme prazer. Atentamos ainda ao fato que, diferente da aparição para Maria Madalena, o objetivo desta aparição não era confirmar a fé da mãe, mas alegrá-la. Maria Madalena foi ao sepulcro buscando um corpo morto. Nossa Senhora não foi ao sepulcro, e nem precisaria ir, pois tinha absoluta certeza que seu Filho não estaria lá, muito menos como um corpo morto. Maria Madalena precisava ter sua fé na ressurreição acendida. Nossa senhora apenas foi alegrada e confirmada naquilo que ela tinha certeza em seu íntimo.
Esta aparição é, por sinal, considerada uma das 7 grandes alegrias de N. Senhora (assim como há as 7 dores…). Devido a estas alegrias, nossa Mãe Santíssima recebe o título de N. Sra. dos Prazeres (Sancta Maria Gaudiorum), data que é comemorada, em muitas igrejas, na segunda-feira após o segundo domingo da Páscoa.
Vários santos partilham desta tradição da Igreja, entre eles os doutores da Igreja Santo Anselmo, Santa Teresa D’Avila e ainda S. Ignácio de Loyola.
Além destes, alguns místicos falam de visões sobre este acontecimento, como a Bem-Aventurada Maria de Agreda e Catharina Emmerich que assim descreve a cena que ela viu:
“No mesmo momento em que o Anjo desceu ao sepulcro e a terra tremeu, vi o Senhor aparecendo à Mãe Santíssima, perto do Monte Calvário. Estava maravilhosamente belo, sério e luminoso. A veste, que lhe envolvia o corpo como um largo manto, flutuava no ar atrás d’Ele quando caminhava e tinha reflexos de cor branca azulada, como fumaça vista através da luz do sol. As chagas estavam largas e brilhavam; (…) Do meio das mãos saiam raios luminosos para os dedos. As almas dos patriarcas inclinaram-se diante da Mãe de Jesus, à qual o Senhor disse, em poucas palavras, que me fugiram da memória, que tornaria a vê-Lo. Mostrou-lhe as chagas e quando ela se prostrou por terra, para beijar-lhe os pés, tomou-a pela mão e levantando-a, desapareceu.”
Que N. Senhora dos Prazeres nos consigo a alegria de um dia vermos seu Filho face a face no céu!