As torcidas organizadas e os direitos (e deveres) humanos

torcidaAs cenas já comuns de torcidas organizadas brigando em estádios, depredando o patrimônio público ou particular, desrespeitando a autoridade legitimamente constituída e, em alguns casos, até cometendo homicídio por meio do linchamento, ainda nos assustam e causam indignação. Tivemos mais uma esta semana, desta vez com a torcida do Corinthians. Mas é preciso um questionamento mais aprofundado sobre o porquê destes fatos.

Um dos combustíveis para nossa justa indignação vem do senso de justiça, uma lei natural no ser humano. O universo foi criado para um fim e segue, para este fim, uma determinada lei eterna que Deus nele colocou. O ser humano é capaz de “ler” a lei eterna de Deus no universo por meio justamente de uma lei que está escrita no seu coração, ou seja, a lei natural. Esta lei nos diz, entre outras coisas, que a justiça deve ser praticada. Quando um crime é realizado, esperamos por justiça. Se esta não vem, fica o sentimento de frustração.

Os atos animalescos dos lutadores de estádios são um exemplo, talvez o menor, desta frustração. Esperamos que alguém pague pelo ocorrido, mas todos são soltos e continuam o mesmo ato alguns jogos à frente. Mas qual a causa desta não realização da justiça? Podemos falar das leis que não existem, do apadrinhamento das torcidas pelos clubes, etc. Mas há uma causa mais basilar: a má compreensão dos direitos humanos.

Quando os direitos humanos foram codificados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, já havia uma certa “briga de estádio” naquele momento. Uma certa tendência, por parte de alguns, baseada no individualismo, em dar força a direitos desassociados dos seus respectivos deveres.  A Igreja (Santa Sé) sempre trabalhou para o justo balanço entre direitos e deveres. Se não há limites impostos, os direitos tornam-se arbitrários e destroem a si mesmos, sendo a liberdade o primeiro deles a ruir.

Os brigões dos estádios são tratados com todos os direitos, inclusive o “direito” de não serem punidos e ainda de terem o seu clube atacando a polícia, para defender os arruaceiros como se fossem pobres inocentes, injustiçadas pela polícia que  os levou presos.  De certa forma, estes marmanjos marginais, se sentem como crianças arteiras que sabem que não serão punidas e, por isso mesmo, não têm dever de respeito a nada. Nossa sociedade, extremamente individualista, tem dificuldade de legislar e cobrar deveres, até mesmo nas situações mais elementares. Com isso, uma sociedade que só fala em direitos e esquece de deveres cria estes moleques sem limites.

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