O sacramento da reconciliação, ou confissão, ou do perdão, tem o maravilhoso efeito de reconciliar a alma com Deus, com a Igreja/irmãos e consigo mesma. Mas há um outro efeito, não tanto mencionado, mas de enorme importância: esse sacramento favorece o fortalecimento da alma em bons hábitos e, consequentemente, virtudes. Entendendo de outra forma a mesma questão, ele impede o crescimento dos maus hábitos e vícios. Tantos erros graves na vida seriam evitados se as pessoas, desde cedo, mantivessem o hábito da confissão sacramental frequente…
Causas para o abandono do sacramento
Há explicação para o abandono desta fonte de graça que é a confissão. A principal causa são as doutrinas errôneas que se infiltraram entre os fieis: o protestantismo, o modernismo, a teologia da libertação e a new age, que trouxeram para dentro da Igreja um pensamento que não pertence a ela.
Não dá para negar que o mundo moderno tem uma enorme influência protestante. A doutrina do sola fide (somente a fé) e da comunicação direta com Deus, sem intermediários, tocou em muitos católicos, que passaram a não reconhecer a necessidade dos sacramentos e do sacerdote.
Os modernista, como já alertava o Papa Pio X em sua Encíclica Pascendi Dominici Gregis, negam a possibilidade de conhecer a Deus, transformam o homem na fonte da verdade e relativizam os dogmas da fé.
A Teologia da Libertação, não muito longe do modernismo em muitos pontos, vê este sacramento como uma perda de tempo ou forma de alienação. Confessar-se seria desnecessário e até mesmo impróprio, pois não favorece a emancipação do pobre; sendo um ato do clericalismo vigente na Igreja (sic) e outras coisas do gênero.
A doutrina new age (nova era) pirou ainda mais o quadro, negando a própria noção de pecado. Não existe pecado, pois o mal e o sofrimento são pura falta de conhecimento, de iluminação. Uma vez que a pessoa sabe o que quer, ela não precisa de regras vindo de fora de si. Falar de pecado, de inferno, é visto como forma de pôr medo nas pessoas. Certa vez vi, em um programa de TV de uma seita oriental, o pregador dizer claramente que o ser humano é “isento do pecado”. A negação do pecado é parte da negação do próprio mal objetivo; para esta doutrina diabólica não existem bem e mal, tudo é parte de uma mesma realidade. Sendo assim, o homem que não peca não precisa de confissão. Precisa de terapias holísticas e basta.
Consequências
Como consequência destes pensamentos heréticos, alguns padres deixaram de incentivar seus fieis a este sacramento, pois eles mesmo, sacerdotes, não aceitam o sacramento como tal. E muitos católicos simplesmente decidiram que não precisam de confissão, legando este sacramento de cura ao menosprezado.
E assim chegarmos ao ponto do início deste artigo: não só pecados deixam de ser perdoados, influenciando nas diversas reconciliação que falávamos, como defeitos ou mal hábitos insipientes, que poderiam ser vencidos ainda quando criança ou adolescente, crescem com muito mais força, podendo transformar-se uma atitude contumaz, um vício grave, um pecado mortal, uma insensibilidade do coração para a vida piedosa…
De forma algum nego a importância dos profissionais da saúde, mas um grande número de pessoas não teria que fazer longos tratamentos psicológicos e nem precisaria ir a um psiquiatra, caso mantivessem o bom hábito da confissão frequente, feita com boa preparação e com a ajuda de confessores zelosos.
Pe. Silvio Roberto, MIC