Este começo de ano 2019 tem sido muito difícil para nós brasileiros, com tantas tragédias: barragem de Brumadinho que se rompeu (centenas de mortos!), incêndio que matou uma dezena de jovens jogadores, famoso jornalista acidentado…
Verdade que a violência diária, em nossa sociedade, elimina muito mais vidas. Mas o sentimento de angústia e tristeza que as tragédias trazem consigo é muito grande. Isso por que ele não fica restrito às pessoas próximas às vítimas. Em tempo de mídia onipresente acompanhamos tudo de perto, muitas vezes ao vivo.
As tragédias podem levar a um preocupante abatimento sobre nosso povo. Alguns veem sua esperança enfraquecida. Outros culpam a Deus e perdem a fé. Por isso que o sofrimento agrada muito o Inimigo, pois afeta duas virtudes tão importantes: fé e esperança.
Diante deste quadro, devemos ter algumas atitudes básicas:
1) implorar a MISERICÓRDIA de Deus pelo nosso país. Precisamos rezar mais, para que todo mal seja afastado de nosso meio. Para que o Senhor abençoe e proteja o nosso povo, como diz a palavra:
“Falou, de novo, Javé a Moisés, nestes termos: “Fala a Aarão e a seus filhos, e dize-lhes: assim abençoareis os filhos de Israel; direis: ‘Que Javé te abençoe e te guarde! Que Javé faça brilhar sobre ti sua Face e te agracie. Que Javé te descubra sua Face e que te conceda a paz!’ Assim colocarão eles meu Nome sobre os filhos de Israel e eu os abençoarei!” (Nm 6,22ss)
2) buscar a nossa CONVERSÃO, pois “não sabemos o dia e a hora” (Mt 25,13). Essa necessidade de conversão foi a resposta de Jesus disse quando tragédias aconteceram em seu tempo.
“Nessa mesma ocasião algumas pessoas vieram lhe trazer a notícia dos galileus, cujo sangue Pilatos tinha misturado com o dos seus sacrifícios. Ele lhes disse em resposta: “Julgais que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros galileus porque incorreram em tal sorte? Eu vos garanto que não. Mas, se não vos converterdes, morrereis todos do mesmo modo. Ou então pensais que aquelas dezoito pessoas que morreram no desabamento da torre de Siloé eram mais culpadas do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu vos garanto que não. Mas se não vos converterdes, morrereis todos do mesmo modo” (Lc 13,1ss).
A nossa conversão é necessária também por que nosso clamor por misericórdia só terá força se feito por um coração que realmente busca e teme a Deus…
Em tempos de tragédias, muitas pessoas LAMENTAM o que acontece. Essa é uma atitude, digamos, automática. Mas muitos não saem da lamentação. Não passam a rezar. Continuam sem tempo para Deus. Também não buscam a conversão. Esquecem que todos morreremos e teremos que dar conta a Deus de nossas vidas. Estar preparado para se apresentar diante de Deus deve ser uma atenção constante do cristão.
A lamentação nada adianta se não for acompanhada de clamor por misericórdia e conversão. O Apocalipse nos traz uma profecia sobre o fim dos tempos que fala de sofrimentos, mas sem mudança de vida, que poderia ser a salvação para os que sofrem.
“Contudo, o resto dos homens que escapou desses flagelos não se arrependeu das obras de suas mãos. Continuaram a adorar o demônio e os ídolos de ouro, prata, cobre, pedra e madeira, que não podem ver, ouvir e andar. E não se converteram de seus homicídios, seus malefícios, suas imundícies e furtos” (Apoc 9,20s)
Por fim uma outra atitude indispensável para nossos dias: 3) CONFIANÇA em Deus. Sim, temos tido tragédias, mas temos tantas coisas boas e temos um Pai que nos ama, a Quem devemos confiar nossas vidas. Com certeza Ele tem nos libertado de tantas situações ruins, das quais nem nos damos conta. Como diz S. João Paulo II, “o limite imposto ao mal é o da misericórdia divina”.
“Meu Coração está repleto de grande misericórdia para com as almas, e especialmente para com os pobres pecadores. Oh! Se pudessem compreender que Eu sou para eles o melhor Pai, que por eles jorrou do Meu Coração o Sangue e a Água como de uma fonte transbordante de misericórdia.” (Jesus, a Santa Faustina. Diário, n. 367)
Pe. Silvio Roberto, MIC