Ainda crianças, ouvimos que o natal é no dia 25 de dezembro, data do nascimento de Jesus. Crescemos e passamos a ouvir que não foi bem assim, que esta não é a data certa. Será?
O texto que segue é baseado no ótimo livro God’s birthday ( aniversário de Deus) do teólogo e apologista americano Taylor Marshall, que expõe muito bem para nós esta questão. Acrescento também algumas outras informações do estudo que fiz sobre este tema.
No livro, o autor apresenta os principais argumentos dos que dizem que Jesus não nasceu no dia 25, pois, segundo alguns, 1) a data foi utilizada pelos cristão em substituição às festas Saturnalias, celebradas pelos antigos romanos e também 2) a data foi tomada pelos cristãos de uma data pagã, a celebração do solis invictus (sol invencível) que os romanos celebravam no dia 25/12.
Para cada uma destas ideias Taylor tem uma resposta convincente:
1) As festas Saturnalinas eram celebradas entre o 17 e o 22 de dezembro e não no dia 25, portanto, os cristãos não fizeram destas a celebração do natal.
2) Em vez dos cristãos terem tomada a data do dia 25 do deus sol, foi justamente o contrário, segundo o autor. Somente no ano 354 o Imperador Juliano, o Apóstata, que recebeu este título justamente por negar a fé cristã e passar a persegui-la, oficializou o dia 25/12 como dia da festa do Sol invictus. Ele o fez justamente com a intenção de tirar o foco da celebração cristã, que já ocorria, pois os cristãos já vinham celebrando oficialmente o natal desde o século II. Juliano, quis, a todo custo, trazer de volta o paganismo ao Império Romano, tendo o deus sol (Hélio), como o deus principal entre muitos outros. Sabe-se que ele não conseguiu seu intento e morreu dizendo: “vencestes, ó Galileu”.
Segundo o Liber Pontificalis (antiguissimo livro com a biografia dos Papas) o Papa Telesforus (126-137) já fala de uma missa de vigília para o natal do Senhor no dia 25 de dezembro. Santo Agostinho (+430) fala que chegou até a ele a antiga tradição que Jesus nasceu no mesmo dia do mês em que morreu, ou seja, que nasceu em 25 de dezembro e morreu em 25 de março (aliás, a tradição acrescenta ainda que Jesus foi concebido no seio da Virgem Maria também no dia 25 de março). São João Crisóstomo tem uma homilia onde ele admite que celebrava a data errada e passou a celebrar a data certa no dia 25 de dezembro. Outros escritores antigos também falam de ser o dia 25 de dezembro a data do nascimento de Jesus: Teófilo (115-181), Santo Hipólito (170-240). Sextus Julius Africanus (160-240), historiador antigo, também aponta, em 221, que o Natal já era celebrado no dia 25 de dezembro.
Quem não aceita a data do dia 25 diz se basear no historiador antigo Flávio Josefo, a partir da data que ele dá para o rei Herodes, contemporâneo de Jesus. Ora, este historiador tem vários erros cronológicos em seu texto, inclusive duas datas contraditórias para Herodes.
Há também o fato que, por algum tempo, e algo que continua ainda hoje na igreja ortodoxa, o natal foi celebrado no dia 06 de janeiro.
Alguns pontos ainda muito importantes sobre o dia 25/12:
– a data do nascimento de Cristo é comprovada a partir do nascimento de João Batista, que o Anjo Gabriel disse ser 6 meses mais velho do que Jesus (cf Lc 1,24-27.36). Ora, Zacarias, seu pai, fazia as funções sacerdotais no fim de setembro, no dia da expiação, a festa judaica do Yom Kippur (S. João Crisóstomo é um dos que sustentam isso). quando ouviu do anjo que teria um filho. Assim, São João foi concebido no fim de setembro e nasceu em 24/06. Jesus foi concebido em 25/03, seis meses depois de João, e nasceu em 25/12.
– algo a se pensar: por acaso Maria não teria guardado a data do nascimento de seu Filho, que é o Filho de Deus? Ela não teria passado esta informação aos Apóstolos, que por sua vez, não teriam passado adiante?
Concluindo
Embora a crítica moderna coloque dúvidas sobre a data do nascimento de Jesus, os fatos históricos apresentados e a tradição antiga da Igreja nos levam a crer que realmente o dia 25 de dezembro é o dia exato do nascimento de nosso Salvador. Um imperador apóstata tentou mudar isso no século IV, dúvidas foram levantadas a partir da era moderna e, de lá para cá, a negação do dia 25/12 tem ganhado ar de descoberta científica. Todavia, temos certezas históricas para não aceitar essa tentativa de minar a verdade histórica do cristianismo, como se esse fosse um mito. A verdade, porém, é que nossa fé é muito bem fundamentada.
Pe. Silvio, MIC