Como o cristão deve se posicionar ante os protestos no Brasil?
Estamos acostumados a assistir no sofá da sala, muito confortavelmente, os acontecimentos que permeiam a história de outros povos. Porém agora, nós brasileiros estamos vendo nas ruas das nossas cidades o protagonismo de um movimento de protesto entre nós. Mas, como católicos, que têm a missão dada pelo Seu Senhor de ser sal da terra e luz do mundo, devemos nos perguntar: qual o sentido deste protesto? Devo participar?
Avaliando
Alguns pontos característicos das manifestações devem ser conhecidos, para podermos ter uma melhor avaliação e tomada de posicionamento:
– é fato que a população brasileira está cansada de tantos desmandos e abusos de poder. Tanta injustiça gera uma justa indignação; talvez o exemplo mais eloquente do momento seja o fato do povo morrer nas filas dos hospitais enquanto que bilhões são gastos em estádios de futebol.
– a grande maioria das pessoas que protestam, portanto, é formada por estes brasileiros legitimamente descontentes, que querem um país melhor.
– há, porém, algumas pessoas que extravasam o seu descontentamento por meio da revolta, com atitudes de violência e vandalismo, o que não é uma atitude cristã, mas do inimigo – o revoltado por excelência.
– embora formado pela massa dos cidadãos comuns e anônimos, os protestos têm líderes que os iniciam, dirigem e, posicionando-se em nome da massa, negociam com os governantes (nas manifestações atuais tem tido destaque o Movimento pelo Passe livre – MPL).
– outros movimentos, partidos políticos, sindicatos e ONGs tentam aproveitar a massa nas ruas e até liderá-las, segundo seus interesses.
– infelizmente muitos destes grupos têm interesses socialistas e anárquicos, defendendo a destruição dos valores cristãos – aborto, casamento entre homossexuais, mudança do conceito de família, etc. Na foto que segue este artigo, vemos um claro exemplo disto: a moça no centro segura um cartaz onde se lê: “não ao estatuto do nascituro”. Ora, nascituro é a criança ainda no ventre materno e este estatuto – cujo Projeto tramita no Congresso – quer defender a criança do aborto…
Decidindo
Como visto, a intenção dos protestos é boa – protestar contra tanta injustiça, mas há o real perigo das massas serem usadas para justificar e legitimar interesses de algumas lideranças que se aproveitam desse momento; interesses esses em muitos pontos contrários aos valores do Evangelho.
Como vai ser depois das manifestações? Sem dúvidas certas lideranças tentarão cooptar as massas. Devemos estar atentos!
É notória a fraquíssima participação política dos católicos, que deixa muito a desejar em termos de conscientização. Talvez esses eventos tenham o efeito positivo de nos acordarem para uma atitude mais responsável e atenta. Onde estão os católicos e demais cristãos que saíram às ruas no dia que o STF aprovou o aborto dos anencéfalos? Cadê a passeata pró-família no dia que o mesmo Tribunal equiparou a união entre duas pessoas do mesmo sexo a um casamento, coisa abominável aos olhos do Senhor e mesmo contrária à nossa Constituição?
Creio que, se for para sair à rua neste momento, o cristão deveria sair para fazer a diferença, ou seja, clamar pelos pontos essenciais da lei natural. Seria maravilhoso ver cristãos com faixas com dizeres tais como: “vida a todos, do bebê no ventre materno ao idoso” ou “Brasil, a família é o seu tesouro” ou ainda “por uma TV educativa e menos pornográfica” etc.
Mas devido à grande tensão vigente, pode haver o perigo de hostilidade a quem esteja com cartazes assim, por parte de grupos revoltosos. Há de se pensar se realmente este é o momento ou seria melhor aguardar outro momento propício para uma manifestação dos valores cristãos.
Estão dizendo que nosso povo está acordando. Queira Deus que não tardará o dia em que os católicos e demais cristãos deste país irão acordar e mostrar a sua força, lutando por uma Terra de Santa Cruz que defenda os valores maiores, que são a vida, a família, a liberdade, o alimento na mesa.
Pe. Silvio Roberto, MIC